“ISTO É O MEU CORPO, ISTO É O MEU SANGUE!”
RESUMO DA HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA DA FESTA
DE CORPUS CHRISTI
A festa de Corpus Christi, expressão latina que significa Corpo de Cristo, é
celebrada pelos católicos na
quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade e é considerada
"Festa de Guarda", que segundo o mandamento da Lei de Deus, deve ser
reservada à oração, ao louvor e ação de graças a Deus, sendo preceito
obrigatório a participação na solene missa.
A procissão pelas ruas acontece por recomendação do cânone 944 do Código de
Direito Canônico com a finalidade de "testemunhar publicamente a adoração
e a veneração à Santíssima Eucaristia” um dos sete Sacramentos da Santa
Igreja Católica, por meio do qual o PRÓPRIO DOADOR dos Sacramentos doa-se.
Conforme a tradição cristã, foi
na quinta-feira que antecedeu a sua páscoa, que Jesus reuniu os apóstolos para a última ceia, e em
momentos distintos tomou o pão e o vinho, rendeu graças ao pai do céu e
proclamou: “Isto é o meu corpo
(apresentando o pão) e isto é o meu sangue (apresentando o cálice com o vinho)”
tomai-os, comei e bebei e fazei isso sempre em minha memória, configurando
assim a celebração da missa, tornando-se mistério da fé, sacramento eterno da
presença real de Jesus em nosso meio e alimento espiritual.
A festa de Corpus Christi tem origem na Bélgica em 1208,
quando a Santa Juliana de Mont Cornillon fora por Deus escolhida para comunicar
ao mundo esse desejo celeste. A jovem monja agostiniana contava apenas com 16
anos, quando fora objeto de uma singular visão: um refulgente disco branco,
semelhante à lua cheia, tendo um dos seus lados obscurecido por uma mancha.
Após alguns anos de intensa oração, fora-lhe revelado o significado daquela
luminosa “lua incompleta”: ela simbolizava a Liturgia da Igreja, à qual faltava
uma solenidade em louvor ao Santíssimo Sacramento.
Mais de
vinte anos se passaram até que a piedosa monja, dominando a repugnância
proveniente de sua profunda humildade, se decidisse a cumprir sua missão,
relatando a mensagem que recebera. A pedido seu, foram consultados vários
teólogos, entre o quais o padre Jacques Pantaléon — futuro Bispo de Verdun e
Patriarca de Jerusalém —, e este se mostrou entusiasta das revelações de
Juliana.
Transcorridas
algumas décadas, depois da morte da vidente, quis a Divina Providência que Dom
Pantaléon fosse elevado ao Sólio Pontifício, em 29 de agosto de 1261,
tornando-se o “Papa Urbano IV” que estando em Orvieto (Itália) durante o verão
de 1264, tomou conhecimento de que, a pouca distância dali, na cidade de
Bolsena, durante a celebração de uma Missa na Igreja de Santa Cristina, o padre
Pedro de Praga, da Boêmia, que passava por provações de dúvidas quanto a
presença real de Cristo na Eucaristia, veria transformar-se em suas próprias
mãos a Sagrada Hóstia em um pedaço de carne, que derramava abundante sangue
sobre os corporais.
A notícia
do milagre espalhou-se rapidamente pela região. Informado de todos os detalhes,
o Papa Urbano IV ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a
Orvieto em procissão. Quando o Papa, acompanhado de numerosos Cardeais e
Bispos, saiu ao encontro da procissão formada para conduzi-la à catedral e
pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi”.
Em 11 de
agosto de 1264, dois meses antes de sua morte, Urbano IV emitia a bula Transiturus de
hoc mundo (passando deste mundo), pela qual determinava a solene celebração da festa de Corpus Christi em toda a
Igreja. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da
celebração. Uma afirmação contida no texto do documento deixava entrever os
motivos que contribuíra para a promulgação da mencionada festa no calendário
litúrgico: “Ainda que renovemos
todos os dias na Missa a memória da instituição desse Sacramento, estimamos, todavia,
conveniente que seja celebrada mais solenemente pelo menos uma vez ao ano para
confundir particularmente os hereges; pois, na Quinta-Feira Santa a Igreja
ocupa-se com a reconciliação dos penitentes, a consagração do santo crisma, o
lava-pés e muitas outras funções que lhe impedem de voltar-se plenamente à
veneração desse mistério”.
O mesmo
papa Urbano chegou a determinar a construção da belíssima Catedral de Orvieto,
consagrada à virgem Maria, na qual viria repousar a relíquia do corporal de
Bolsena, cuja pedra fundamental foi lançada em 13 de novembro de 1290, levando três
séculos para ser concluída. Antes disso, porém, em 1247, realizou-se a primeira
procissão eucarística pelas ruas de Liège, como festa diocesana, tornando-se
depois uma festa litúrgica celebrada em toda a Bélgica, e depois, então, em
todo o mundo no século XIV, quando o Papa Clemente V confirmou a Bula de Urbano
IV, tornando a Festa da Eucaristia um dever canônico mundial.
Em 1317, o
Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a
Eucaristia em procissão pelas vias públicas. A partir da oficialização, a Festa
de Corpus Christi passou a ser celebrada todos os anos na primeira quinta-feira
após o domingo da Santíssima Trindade. Todo católico deve participar dessa
Procissão por ser a mais importante de todas que acontecem durante o ano,
pois é a única onde o próprio Senhor sai às ruas para abençoar as pessoas, as
famílias e a cidade. Em muitos lugares criou-se o belo costume de enfeitar as
casas com oratórios e flores e as ruas com tapetes ornamentados, tudo em honra
do Senhor que vem visitar o seu povo.
Assim, a
solenidade do Santíssimo Corpo de Cristo que completa a festa da instituição da
Eucaristia, nascia também para contra restar a perniciosa influência de certas
ideias heréticas que se alastravam entre o povo, em detrimento da verdadeira
Fé, com a tríplice finalidade de
HORAR JESUS CRISTO, PEDIR PERDÃO PELO QUE FOI FEITO A ELE e PROTESTAR CONTRA A
HERESIA DOS QUE NEGAM A PRESENÇA DIVINA NA HÓSTIA SANTA.
A consagração das espécies do pão e do
vinho, que ocorre em todos os altares do mundo, durante a missa chama-se transubstanciação, pois
embora mantenham suas aprarências naturais, tornam-se, por Dom de Deus e Obra
do Espírito Santo o Próprio Corpo e Sangue de Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo, entregue na cruz e derramado no calvário para a remissão de nossos
pecados.
Cremos que na Eucaristia, tando na espécie de pão como na de vinho, em
conjunto ou isoladamente, Jesus está plenamente presente, de corpo, sangue,
alma e divindade, participemos, portanto, deste importante momento da nossa fé
cristã.
João Evangelista